sábado, 15 de abril de 2006

C'EST LA VIE [Ato III]

eu perguntei: "... mas e aí?"
ele respondeu: "ah... é tudo novo demais prá mim, entende?"
eu disse: "entendo..."
e pensei: "... mas não sei exatamente se compreendo."

será que minha intuição acertou de novo?

3 comentários:

  1. por favor, dá pra me passar o Diário de Bordo?
    Ou as Manchetes do dia?
    Nao esquece q eu to no fim do mundo e eu preciso viver através dos meus amigos!

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  2. "...
    - Você vai se chamar Santiago. Tens que jurar fidelidade eterna a esse nome. Eu te batizo, Santiago, no meio da noite fria de julho. (...) de agora em diante eu vou me chamar Pérsio. Sempre quis me chamar Pérsio. Lembra do Pérsio, aquele maluco dos PRÊMIOS? O que olhava as estrelas no tombadilho, é assim que se diz? Tombadilho ou convés? Aquela coisa aberta dos navios...

    (...)

    - Sentado no chão, as mãos nos pés. E todo aquele papo, todos aqueles toques, todos aqueles traumas, todos aqueles climas, todas aquelas cenas, tudo aquilo na noite feito um movimento vindo de fora para despertar o vivo de dentro, o vivo quieto, à espera apenas daquele justo toque exato...

    (...)

    Não existe volta para quem escolheu o esquerdo.
    Tirou a roupa aos poucos. Completamente nu, começou a girar de braços abertos no meio da sala. Remoto, então, como se viesse do apartamento ao lado ou de baixo ou de cima - talvez o de Lavínia, a lasciva, lembrou qurendo rir, mas não conseguiu -, o som da campainha cortou o movimento. Uma voz que chega de longe. Navalha, alfanje, cimitarra. A cabeça ainda girava no meio da tontura quando entreabriu a porta para ver Santiago parado no corredor, mãos nos bolsos.
    - Resolveu aceitar aquele chá, Santiago?
    - Eu não me chamo Santiago - ele disse.
    Não afastou o corpo para que o outro entrasse. Mas ele entrou. Fechou a porta às suas costas. Estendeu as duas mãos. Tocou-o nos ombros. De frente.
    - Eu também não me chamo Pérsio. Portanto não nos conhecemos. O que é que você quer?
    Ele sorriu. Estendeu as mãos, tocou-o também. Vontade de pedir silêncio. Porque não seria necessária mais nenhuma palavra um segundo antes ou depois de dizerem ao mesmo tempo:
    - Quero ficar com você.
    Provaram um do outro no colo da manhã.
    E viram que isso era bom."

    (Caio Fernando Abreu, PELA NOITE...)

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