segunda-feira, 27 de fevereiro de 2006

eu queria ter uma casa linda!!
eu queria que a sala tivesse uma pintura mais bonita, com cores que combinassem com os móveis que eu ainda nem tinha.
pensava em mesa de jantar, em jantares românticos à luz de velas com o namorado.
pensava num sofá confortável para me jogar aos beijos e amassos com ele depois do jantar...
pensava em assistir DVDs abraçadinho, comendo pipoca, embaixo do edredon com um caneca cheia de chocolate quente naquele mesmo sofá que eu tanto sonhara ter.
pensava numa cortina que combinasse com tudo isso e que me livrasse dos olhares curiosos dos vizinhos da frente para tudo isso acontecendo na minha sala...
hoje eu consegui tudo isso!
hoje eu entro na minha sala e ela está mais linda do que jamais estivera antes: estante, mesa de centro, mesa de jantar, rack para o computador, tudo tabaco, com detalhes em cromo e vidro. um sofá que combina com as novas cores das paredes, que combina com os outros móveis, que combina com a cortina de algodão crú, que me dá a privacidade que eu sempre quis...
mas não tenho mais o namorado!
então, prá que tudo isso?
será que tudo isso era prá ele e não prá mim?
(momento de introspecção sem digitar coisa alguma)
não é bem assim...
eu queria tudo isso prá mim, mas o namorado fazia parte do pacote de sonhos realizados, trazendo, de alguma maneira, uma sensação de plenitude, de que tudo está perfeitamente como deveria ser... mas nunca é assim...
quando se tem o namorado, a casa está vazia...
quando se tem os móveis, a casa está vazia...
é... definitvamente, o problema está na minha cabeça...
essa lógica cretina que eu desenvolvi só serve para me deprimir ainda mais em plena segunda-feira de carnaval, sozinho, na minha sala cheia de móveis, num apartamento localizado no meio do caos de pinheiros!
aff...!! e o pior é que nem quero ser salvo disso tudo!
vou tomar uma skol gelada agora!
sozinho, no meu sofá novo!

À VÁCUO

cansado,
exausto...
e ainda está longe o pôr-do-sol.
minha mente está lenta,
meu corpo dói
e meu coração está em frangalhos.
aaaaaaah!!...
não estou preparado para nada agora!
não tenho bom-humor,
não tenho sorriso estampado no rosto,
não tenho a roupa certa
e nem atitudes positivas...
estou lacrado
como uma dessas embalagens de café à vacuo.
não consigo sequer olhar para o lado.
só olho para dentro de mim...
sei que há algo errado,
só preciso encontrar!
(como se fosse fácil assim...)

VENENO FAVORITO

pensamentos inertes, doentes...
fé manca,
olhos perdidos no espaço,
mente confusa,
coração falhado...
na selva de concreto,
a ansiedade grita
e o ouvido dói.
escolho o acariciar da mão fria da morte em meus lábios
e sopro uma fumaça de cores mortas no vazio na noite
eu tento,
mas não consigo te negar:
10mg de alcatrão,
0,8mg de nicotina,
10mg de monóxido de carbono
e mais de 4700 substâncias tóxicas resumidas num gosto amargo
de quem sabe que morre a cada tragada
e se engana que está tudo bem.
um dia eu paro...

A ROSA

se você não quer se machucar,
então, não aproxime-se de mim.
pois hoje, sou como uma rosa:
linda, inocente e inofensiva à primeira vista,
mas cheia de espinhos prontos para sangrar
o desavisado que ousar tentar colher-me.


quinta-feira, 16 de fevereiro de 2006

LEMBRANÇA

tem dor que a gente sente quando menos espera,
tem flor que desabrocha quando nem é primavera,
tem amor que se acaba...
tem olhar que se apaga...
tem coração que esfria...
tem cama que fica vazia...
e quando amanhece, um dia,
da flor que antes vivia
a gente nem lembra.
já era...

terça-feira, 14 de fevereiro de 2006

PASSADO

eu pedi para Bethânia cantar minha tristeza
e ela cantou...
depois disso guardei-a na caixa
e lá ela ficou...
e eu chorei...
e enquanto chorava, procurava tua regata camuflada...
demorou...
mas achei.
as lágrimas embaçam a visão
e tornam tudo mais sofrido,
eu sei...
separei tuas fitas,
separei nossas vidas,
e enquanto o fazia, meu pranto aumentava
eu quase não conseguia falar...
mas falei...
tudo o que sentia...
e de tão triste que fiquei,
você ainda me deu ombro
e acariciou minha cabeça...
você fingiu que era forte
mas você eu conhecia...
desabou pouco depois,
longe dos meus olhos,
era o que melhor fazia,
o meu antigo amor,
eu sabia...
hoje, sinto a tua falta...
não entendo como,
nem entendo o porquê,
mas entendo que tua presença
por mais que eu a achasse vazia,
me preenchia...
e quanto mais disso eu entendo,
mais vontade de chorar eu tenho,
porque contigo, agora sei,
eu sobreviveria...

terça-feira, 7 de fevereiro de 2006

FALTA DE AR

entre olhares ainda não trocados, a ânsia.
entre palavras ainda não proferidas, a procura.
ando por ruas enfestadas de seres humanos
são sempre as mesmas ruas...
mas nenhuma visão de alguém que valha a pena!
não haveria coração disparado
não fossem meus passos curtos e rápidos.
não há ninguém
mas há falta de ar
a mesma que eu sentiria se encontrasse o tal eleito
que nunca se candidata...
a natureza foi, de certo ponto, caprichosa demais comigo:
deu-me um coração sedento por paixões
mas, em contrapartida, me colocou num mundo repleto de hipocrisia,
onde os valores morais se deturpam,
a medida em que sigo com meus curtos e rápidos passos
juntamente a minha falta de ar...
madrasta má-natureza!...
ensina-me logo o que devo aprender com tudo isso!
preciso somente uma vez respirar aliviado...

eu tinha medo de sentir a dor da separação...
hoje eu tenho medo de senti-la para sempre...
tá na hora de eu parar de assistir filme romântico!

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2006

pintando a casa
pintando o sete
colorindo a vida

recriando o mundo
costurando meias
tecendo expectativa

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2006

"Gosto dos venenos mais lentos!
Dos cafés mais amargos!
Das atitudes mais inesperadas!!
Tenho um apetite voraz e os delírios mais loucos.
Você pode até querer me empurrar de um penhasco
que eu vou olhar e dizer:
- E daí? Eu adoooooro voar!"

(autor desconhecido)