sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

"A lembrança da vida da gente se guarda em trechos diversos; uns com os outros acho que nem se misturam [...] Contar seguido, alinhavando, só mesmo sendo coisas de rasa importância. Tem horas antigas que ficaram muito mais perto da gente que outras de recente data. Toda saudade é uma espécie de velhice. Talvez, então, o melhor fosse contar a infância, não como filme em que a vida acontece no tempo, uma coisa depois da outra, na ordem certa, sendo essa conexão que lhe dá sentido, meio e fim, mas como um álbum de retratos, cada um completo em si mesmo, cada um contendo o sentido inteiro. Talvez, esse seja o jeito de escrever sobre a alma cuja memória se encontram as coisas eternas, que permanecem..."

[GRANDE SERTÃO VEREDAS - Guimarães Rosa]

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